A troca de comando do ministério de minas e energia não deve modificar os debates sobre modernização do setor elétrico (PL 414/21). A avaliação é do Diretor Presidente da Dominium, Marcelo Moraes. Segundo ele, a insatisfação do Palácio do Planalto com os desdobramentos políticos e econômicos dos preços das tarifas de energia elétrica e combustíveis levou o Presidente Jair Bolsonaro a entregar a pasta para Adolfo Sachsida, integrante da equipe econômica do ministro Paulo Guedes. O órgão, que enfrentou crise hídrica e debates sobre a modernização do setor elétrico, estava sendo liderado desde o início da gestão do governo de Bolsonaro por Bento Albuquerque, militar da Marinha e 13° ministro a ser demitido no atual governo. Com a mudança, aumenta para 30 o número de ministros que deixaram o cargo.

 De acordo com o Diretor da Dominium, Leandro Gabiati, o novo ministro da Energia assumirá uma pauta complexa em meio ao debates heterodoxos no Congresso Nacional em relação às contas de luz e sobre as pressões para mudanças na política de preços da Petrobras. 

“Essas duas demandas vindas do Parlamento e do Planalto colidem frontalmente com as ideias liberais do ministro, gerando incertezas sobre o comportamento de Sachsida, que deverá se movimentar entre as convicções liberais e as demandas intervencionistas vindas da política”, disse. De acordo com o Doutor em Ciência Política, o novo ministro é um técnico que carece de peso específico no âmbito político para assumir papel de negociador. 

“A força dele dependerá exclusivamente do nível de apoio que Bolsonaro venha a oferecer. O problema para Sachsida é que o presidente oscila muito nesse aspecto, podendo perder sustentabilidade em meio a uma pauta politicamente sensível que está diretamente vinculada ao projeto de reeleição presidencial”, concluiu.