O avanço dos ataques da Rússia à Ucrânia ampliou as incertezas no mundo e no Brasil. As tensões nos mercados internacionais e a fuga de investimentos para territórios mais seguros, como Estados Unidos e Japão, ascenderam o alerta das autoridades econômicas no Executivo e Legislativo brasileiros sobre o maior ataque de um país europeu contra outro do mesmo continente desde a Segunda Guerra. Por causa do aumento dos preços do petróleo e variações nas taxas de câmbio, com efeitos na inflação, os parlamentares brasileiros aumentaram as preocupações em relação à tramitação de propostas legislativas que impactam diretamente o setor de combustíveis e o preço da gasolina e do diesel. É a primeira vez que o preço do barril ultrapassa US$ 100 desde 2014.

“Os efeitos dessa guerra são mais que sociais. Têm desdobramentos econômicos importantes e em menor medida consequências políticas internas. Influenciam nosso comércio internacional, sobretudo em relação às importações de fertilizantes da Rússia, de alimentos para Ucrânia e exportações de produtos agrícolas para clientes acostumados a negociar com países emergentes. Os investimentos estrangeiros também migram, mesmo com a tendência de juros altos no Brasil e inflação persistente devido a aversão ao risco que uma invasão como essa traz. O câmbio também oscila, ficando mais caro”, disse o analista sênior da Dominium, Gustavo Bernard.

A avaliação é que eventuais sanções a serem impostas à Rússia no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) possam influenciar ainda mais o comércio de produtos agrícolas do Brasil (alimentos, commodities e fertilizantes), a economia doméstica e, consequentemente, o processo eleitoral brasileiro ao longo de 2022. Países-membros da União Europeia (UE) estudam o aumento de sanções financeiras e diplomáticas.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil iniciou estudos para a retirada segura por terra de brasileiros da capital ucraniana Kiev. O número de militares e civis mortos no conflito ainda sendo contabilizado.