Reflexos no Brasil do corte na produção global de petróleo serão no médio prazo

Alta de mais de 6% nos preços internacionais da commodity pode reduzir espaço da Petrobras para reduções nos preços dos combustíveis

Agência Dominium | Brasília, 05/04/2023

O corte de mais de 1,6 milhão de barris diários na produção global de petróleo a partir de maio deste ano deve ter reflexos no Brasil no médio prazo. A alta de mais de 6% nos preços internacionais da commodity, após o anúncio pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), poderá reduzir o espaço da Petrobras para reduções nos preços dos combustíveis, com reflexos na inflação e nos planos econômicos do governo.

A avaliação é do analista sênior da Dominium, Gustavo Bernard. Segundo o especialista em comércio exterior, esse movimento internacional articulado entre os principais países produtores de petróleo quanto à oferta global do produto, será um teste importante para a Petrobras. “É preciso observar os movimentos desse mercado antes de estimar os impactos dessa alta repentina, inclusive nos contratos futuros”, explicou Bernard. “No auge da guerra da Ucrânia, quando sentimos uma alta generalizada nos preços do petróleo, há cerca de um ano, com impactos nos combustíveis e no frete no Brasil, os valores do óleo tipo brent estavam acima de 120 dólares o barril”, explicou. Atualmente, o preço está com tendência de alta, acima de US$ 85. “É preciso lembrar que o Brasil exporta petróleo e o preço alto favorece as vendas externas do produto e a Petrobras. A União, consequentemente, arrecada mais”, explicou.

As vendas externas de petróleo do Brasil bateram recorde em março – 9,4 milhões de toneladas, alta de mais de 75% em relação a março de 2022.

Os preços da gasolina, por exemplo, no Brasil são formados pelo valor cobrado das refinarias pela Petrobras, lucros de distribuidoras e revendedoras e impostos estaduais e federais.